Pensamento crítico: a melhor ferramenta de educação alimentar e nutricional

glogoA Revista de Nutrição publicou, neste mês de dezembro, uma série de artigos sobre a temática envolvida com a Educação Alimentar e Nutricional. Os textos estão disponíveis no site da revista. Reproduzimos, aqui, o interessante editorial sob autoria das pesquisadoras Maria Cláudia da Veiga Soares Carvalho (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Maria Angélica Tavares de Medeiros (Universidade Federal de São Paulo e Associação Brasileira de Saúde Coletiva), Maria Lúcia Magalhães Bosi (Universidade Federal do Ceará e Associação Brasileira de Saúde Coletiva) e Shirley Donizete Prado (Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Associação Brasileira de Saúde Coletiva).


revista-de-nutricao

 

A Revista de Nutrição é um periódico de relevância histórica no campo da Alimentação e Nutrição; um campo que, nos planos científico e profissional, é relativamente recente. Sua fundação como Periódico data de 1988 e, desde então, vem consolidando a produção científica nesse campo, de livre acesso, difundindo resultados de pesquisa, ensaios e discussões, efetivando assim o espírito democrático requerido pela produção científica comprometida com a sociedade.

Em continuidade a essa iniciativa, que reafirma o caráter ético e transformador da ciência, apresentamos neste número a Seção Temática “Educação Alimentar e Nutricional (EAN)”, com o intuito de dar visibilidade à discussão de questões educacionais no campo da Alimentação e Nutrição. Educação Alimentar e Nutricional é tema central e desafiador nas políticas públicas de alimentação desde a formação desse campo e, hoje, ganha força na Política Nacional de Alimentação e Nutrição e na Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional.

Em sua constituição como ciência na década de 1940, mergulhado em um projeto de racionalização científica, o processo educativo em alimentação parte da premissa de que o padrão alimentar do brasileiro deveria mudar, sobretudo em relação às camadas mais pobres da população, como decorrência das precárias condições socioeconômicas em que se encontravam inseridas. A concepção de uma ração ideal foi objeto de várias intervenções educativas voltadas à coletividade. Hoje, a crítica a um padrão alimentar deficiente em relação ao consumo de verduras, legumes e frutas, além de ressaltar condições higiênico-sanitárias insuficientes, se aprofundou com as demandas de Segurança Alimentar e Nutricional em defesa do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA), mas se renova com estratégias educativas com base em sensibilidades para a cultura local e complexos processos de subjetivação emergentes neste cenário de hipermodernidade.

Nesse espaço, as novas tecnologias, centradas na virtualidade e na velocidade da informação, disseminam no plano virtual de comunicação um vasto e incontrolável repertório de significados circulantes em zonas on line de livre acesso, para todos os cantos do Brasil, promovendo transformações nas conexões sociais. No entanto, embora as Políticas Públicas em alimentação e nutrição marquem um avanço na consolidação do DHAA, o processo de modernização não transformou a condição perversa de desigualdade social na organização social brasileira. Ao contrário, aprofundou a violência simbólica revestida por semblante progressista liberal, como se todos tivéssemos a mesma chance, como se o mundo fosse ‘Darwinisticamente’ favorável aos ‘bons’ em um processo de seleção natural.

A condução de um pensamento crítico de EAN tem a intenção de reconhecer ideologias, pois não podemos ceder aos vícios teóricos e/ou metodológicos de isolar as condições sociais e econômicas das políticas. As ideologias são parte do jogo político que embala a EAN e precisam estar em constante debate. É preciso, sobretudo, criticar nossos próprios rumos. No contexto de ideologias duvidosas e silenciadas, apostamos no pensamento crítico e ético como a melhor ferramenta de EAN, cientes de que a universidade precisa escapar à posição de desvalida e prejudicada, reconstruindo continuamente seus discursos e ações educativas. Apostamos na combinação entre informação e reflexão para que, estando mais conscientes de nossas limitações, possamos dispor de nós mesmos na condução de nossas vidas para rumos emancipatórios.

Neste temático apresentamos cinco artigos em torno das práxis de Educação Alimentar e Nutricional. O artigo “Análise de planos de ensino de educação (alimentar e) nutricional nos cursos de nutrição” analisa a construção coletiva de iniciativas contemporâneas e documentos como o Marco de Referência de EAN para as Políticas Públicas, dando visibilidade à troca de experiências e saberes que sustentam esse processo. Na mesma motivação de uma construção coletiva, o artigo “Cooperação internacional em segurança alimentar e nutricional: sistematização de práticas educativas participativas,  contextualizadas e intersetoriais” evidencia como as diferentes técnicas pedagógicas adotadas contribuíram para uma construção compartilhada de concepções sobre Segurança Alimentar e Nutricional, primando pela valorização da participação dos sujeitos sociais e das peculiaridades da alimentação nos diferentes contextos socioeconômicos e culturais.

O artigo sobre a elaboração sistemática de um “Instrumento imagético de educação alimentar e nutricional para alimentação saudável” está voltado para prevenção e tratamento da obesidade, assim como para promoção da alimentação saudável, o que reforça o caráter de utilidade pública de EAN evitando que se faça uma ruptura prática/teoria. E, nesse sentido, com vistas a problematizar e subsidiar ações de EAN sob a lente do pensamento complexo, o artigo “Compulsão alimentar sob um olhar complexo: subsídios para a práxis da educação alimentar e nutricional” problematiza os transtornos do comportamento alimentar e articula o plano teórico com a empiria, de modo a evidenciar a necessidade de projetos singulares que incorporem as experiências de vida e a subjetividade dos atores alvos das ações.

Por fim, no artigo “A atenção nutricional ao Pré-natal e Puerpério: relato de experiência em um município do litoral Paulista”, as autoras relatam a experiência de parceria universidade/serviço na implantação de Atenção Nutricional ao Pré-natal e Puerpério tendo como foco a EAN, que permitiu o desenvolvimento de ações de vigilância ao pré-natal, além do vínculo entre gestantes/puérperas e equipes.

Estas foram pesquisas e reflexões desenvolvidas em um cenário contraditório em que, tanto a fome, quanto a obesidade são estéticas atrozes de um tipo de modernização, por isso reforçam o pensar crítico na intenção de que este seja um material para modular os planejamentos de ações educativas e abrir brechas para cada leitor avaliar as condições que lhe são favoráveis para desenvolver práticas efetivas, democráticas e fundamentadas de Educação Alimentar e Nutricional.

 

 

Ano novo, novos tempos

creating-an-ecology-of-hope

Por Luís Fernando Praga

Que eu consiga viver sem prejulgar,

Que eu não queira igualar as diferenças,

Que as diferenças sirvam pra somar,

E que por elas, refine as minhas crenças.

Mas que eu não feche os olhos pra desigualdade,

Não me proteja em palavras omissas,

E seja solidário na dor da humanidade,

Que me doam na carne as injustiças.

Que a vida continue uma surpresa,

E eu não me frustre na desilusão,

Que eu entenda que tudo é natureza,

Que eu não machuque nenhum coração.

Mas que os corações que eu machucar,

Percebam com o tempo, a minha humanidade,

Que não carreguem o peso do pesar,

E cada cicatriz revele uma verdade.

Que eu nunca veja amar como algo errado,

E não me porte de forma mesquinha,

Que eu veja um lado bom pra todo lado,

E que se eu odiar, que seja de mentirinha.

Que eu saiba dar valor ao bom humor,

Que as amizades sejam os bens mais caros,

Que cada espinho esconda muita flor,

E que os abraços sejam menos raros.

Que as pessoas encontrem sua arte,

Que nos seja uma meta a utopia,

Que a tolerância reine em toda parte,

E a guerra perca a guerra pra poesia.

Que eu saiba ser humilde pra saber,

Da minha imensurável pequenez,

Mas que eu jamais me furte de crescer,

Rompendo meus limites quando em vez.

Que eu tente intuir, mas com ciência,

Que não veja na morte uma vilã,

Que cada um amplie a consciência,

E a vida venha vindo menos vã.

Que o novo ano que me envelhece,

Não seja tão igual aos outros anos,

E que apesar da imperfeição de espécie,

Possamos ser perfeitamente humanos.

Café & Ciência

15540892_1553322881350011_3955151742487593705_o

Organizado pelos professores/pesquisadores Leonardo Torres Leal, do Departamento de Biofísica e Fisiologia, e Emidio Marques de Matos Neto, do Departamento de Educação Física, ambos da Universidade Federal do Piauí (UFPI), o projeto Café & Ciência apresentará, em seu lançamento, o tema Discutindo os caminhos e descaminhos da ciência. Segundo os organizadores, o objetivo do projeto é “o debate sobre assuntos relacionados com o meio científico com enfoque na inserção de alunos de graduação na ciência”. Nesta primeira edição, o Café & Ciência contará com a presença do aluno Tiago Eugênio, que desenvolve projeto de mestrado no Departamento de Fisiologia e Biofísica do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP).

O evento acontecerá no no Setor de Esportes da UFPI, no dia 20 de dezembro de 2016, às 10h, e terá transmissão ao vivo pela página do Facebook do ONutricional.

Roberto Lent: como a neurociência pode contribuir para a educação?

Autor do livro “Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de neurociência” (Atheneu, 2002), o neurocientista Roberto Lent fala sobre os desafios de levar o conhecimento produzido nos laboratórios de neurociência para a sala de aula.

O vídeo foi publicado na página do Youtube da Mente e Cérebro, em fevereiro de 2015. Sobre o seu livro, leia a matéria publicada no site da Faperj, apoiadora do projeto, na época do seu lançamento.

Fórum: “Da segurança alimentar à segurança dos alimentos”

10352149_1485790945011188_2404871934431435564_n

O Fórum Pensamento Estratégico (PENSES), da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), publicou na sua página do YouTube todos os vídeos com as palestras e mesas de debate do Fórum: “Da segurança alimentar à segurança dos alimentos: discutindo direitos, políticas e desafios“, ocorrido em Campinas no dia 19 de outubro de 2016. O evento teve como objetivo “traçar um paralelo entre a segurança alimentar e a segurança dos alimentos, no sentido de diferenciá-las e discutir as políticas e os desafios relacionados aos dois temas“.