XIV Encontro Nacional de Aleitamento Materno (ENAM)

ENAM 2016

Promovido pela IBFAN Brasil – Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar – o XIV ENAM será realizado este ano em Florianópolis, entre os dias 22 e 25 de Novembro. O evento ocorrerá em conjunto com o IV Encontro Nacional de Alimentação Complementar Saudável (ENACS). Ambos os eventos terão como tema principal a “Sustentabilidade no século XXI”, definido, segundo os organizadores, “a partir dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e suas ligações com o aleitamento materno, fazendo conexões diretas com a nutrição sustentável e a segurança alimentar; a saúde sustentável e o sistema de saúde; a sustentabilidade do meio ambiente e a mudança climática; e a produtividade, trabalho e o empoderamento das mulheres”.

Informações sobre inscrições e a programação científica em: http://www.enam.org.br/

Fatores que afetam a biodisponibilidade de nutrientes (Parte 5)

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Imagem retirada de: http://triatletasenred.com/

Biodisponibilidade de ferro e atividade física: considerações sobre a anemia esportiva

Por Ana Carla Sponholz e Gisele Gonçalves Machado
Alunas do 2. período de Nutrição [2016/1] – Faculdades Ponta Grossa

 

O FERRO É UM MINERAL ESSENCIAL para todas as formas de vida. Do total do ferro no organismo, cerca de ⅔ está relacionado com sua participação no transporte de oxigênio para os tecidos, via hemoglobina nos eritrócitos e mioglobina nos músculos. Quando se considera o exercício físico, acrescenta-se ainda o seu papel na atividade da aconitase e dos citocromos, enzimas importantes na produção celular de energia.

Em atletas, tanto fatores dietéticos (diminuição da ingestão, baixa biodisponibilidade) quanto fisiológicos (hemodiluição, hemólise) podem influenciar o status em ferro e a performance nos exercícios. Nestes indivíduos, a deficiência de ferro e a anemia ferropriva (por deficiência de ferro) – condições clínicas relacionadas com alterações que afetarão a concentração do mineral em seus estoques teciduais e a síntese de hemoglobina nas células precursoras dos eritrócitos – podem afetar de maneira negativa o transporte de oxigênio e, consequentemente, o desempenho físico, principalmente em modalidades nas quais o metabolismo oxidativo é a principal fonte de geração de energia.

Em situações de exercício físico extenuante – como ocorre em atletas de endurance – ocorre retenção de água e de sais minerais para aumentar o volume plasmático. Estas adaptações fisiológicas provocadas pelo exercício resultam em hemodiluição e consequente redução na concentração de hemoglobina e no hematócrito – uma condição chamada de anemia do esporte (ou pseudoanemia do atleta). Outro fator que pode diminuir a concentração de hemoglobina em decorrência do exercício físico intenso é a hemólise intravascular, a qual ocorre, em corredores, devido ao impacto imposto aos capilares dos pés causando um trauma mecânico. Alterações na resistência mecânica e na fragilidade osmótica de eritrócitos, pelo estresse mecânico à membrana eritrocitária em decorrência de aumentos na velocidade sanguínea e na temperatura corporal, ou ainda pela compressão das células pela atividade muscular, também podem contribuir para a hemólise do eritrócito.

Além desses efeitos, que diretamente decorrem do exercício, o aumento das perdas do mineral durante a menstruação, e a ingestão de dietas vegetarianas – nas quais o pool dietético de ferro é muito influenciado por interações com outros componentes da matriz alimentar – são fatores que podem contribuir com a deficiência de ferro em atletas.

Sendo assim, o acompanhamento do atleta pelo nutricionista é fundamental para avaliação de eventuais inadequações dietéticas e do possível uso de suplementos alimentares.

Mais informações sobre o ferro e a anemia em atletas, em:

Mateo RJN, Lainez MGL. Anemia do atlela (I): fisiopatologia do ferro. Rev Bras Med Esporte, v.6, p.108-114, 2000.

Vilard TCC, Ribeiro BG, Soares EA. Distúrbios nutricionais em atletas femininas e suas inter-relações. Rev Nutr, v.14, p. 61-69, 2001.

Mairbäurl H. Red blood cells in sports: effects of exercise and training on oxygen supply by red blood cells. Front Physiol, v.12, p.332, 2013. doi: 10.3389/fphys.2013.00332. eCollection 2013.

 

XXV Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Alimentos (CBCTA)

CBCTA 2016

Promovido pela Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos (SBCTA), o tradicional “CBCTA” terá a sua 25. edição entre os dias 24 e 27 de Outubro, em Gramado, Rio Grande do Sul. Com o tema “Alimentação: a árvore que sustenta a vida” trará, como tema principal,  debates e atualizações sobre a sustentabilidade na produção de alimentos. Para informações sobre o evento, com detalhes sobre o processo de inscrição e a programação científica, acesse: http://www.ufrgs.br/sbctars-eventos/xxvcbcta/

 

Fatores que afetam a biodisponibilidade de nutrientes (Parte 4)

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Imagem retirada de: http://www.nutraceuticalsworld.com

Bioacessibilidade de carotenóides em alimentos

Por Cristiane Ribas e Anna Carolina Kobner
Alunas do 2. período de Nutrição [2016/1] – Faculdades Ponta Grossa

 

PIGMENTOS SECUNDÁRIOS DOS ALIMENTOS, com ação antioxidante ou como provitamina A, os carotenóides são moléculas com estruturas hidrocarbonadas com variados graus de insaturação, contendo oxigênio (carotenos) ou não (xantofilas) em sua estrutura. Esta diferença estrutural distingue esses dois grupos de carotenóides no que diz respeito à sua solubilidade em água – as xantofilas são compostos mais polares do que os carotenos. São exemplos de carotenos, o β-caroteno e o licopeno; e exemplos de xantofilas, a luteína, a zeaxantina e a β-criptoxantina.

Muitos são os fatores que influenciam a biodisponibilidade de carotenóides em alimentos. Além da quantidade, do tipo e da forma química do carotenóide, fatores como o grau de maturação do alimento, diferenças entre cultivares, efeito climático, região do vegetal onde se encontra o nutriente ou sua localização intracelular, bem como alterações pós-colheita, tipo de processamento e o armazenamento do alimento, de modo geral, poderão afetar a biodisponibilidade desses nutrientes.

A bioacessibilidade de carotenóides é fortemente influenciada pela eficiência na qual são liberados da estrutura da matriz alimentar. Neste caso, o tipo de processamento – homogeneização, cocção – antes do consumo, e o grau de mastigação do bolo alimentar são fatores que influenciarão no rompimento da parede celular e na extração do nutriente do complexo formado com outros componentes do alimento. Por outro lado, a possibilidade de degradação pelo processamento, devido a reações de oxidação ou isomerização, podem influenciar na absorbabilidade desses nutrientes no trato digestivo. Em resumo, alterações na matriz do alimento e na estrutura da molécula afetarão, sobremaneira, a eficiência pela qual esses nutrientes aparecerão na corrente sanguínea.

A interação com outros nutrientes também afeta o grau de absorção de carotenóides no intestino. Considerando sua lipofilicidade, o processo digestivo e absortivo de carotenóides é similar ao dos lipídeos: devem ser emulsificados e solubilizados em micelas antes de serem absorvidos pelo enterócito. Neste aspecto, por exemplo, a ingestão de tomate cozido em óleo eleva a concentração sérica do licopeno de duas a três vezes. Outros componentes da dieta, como determinadas fibras e substitutos de gordura não-digeríveis, bem como condições patológicas que interfiram no fluxo biliar e na absorção de lipídeos podem afetar, negativamente, a absorção de carotenóides.
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Interessado em saber um pouco mais sobre aspectos estruturais dos carotenóides e a relação com a sua biodisponibilidade? Confira em:

Ambrósio CLB, Campos FACS, Faro ZP. Carotenóides como alternativa contra a hipovitaminose A. Rev. Nutr., v.19, p.233-243, 2006.

Gregory III JF. Vitamins. In: [edited by] Damodaran S, Parkin KL, Fennema OR. Food Chemistry, Taylor & Francis Group, Boca Ranton, FL, 2008, p.439-521.

Maiani G et al. Carotenoids: actual knowledge on food sources, intakes, stability and bioavailability and their protective role in humans. Mol Nutr Food Res., v.53, p.S194-218, 2009. doi: 10.1002/mnfr.200800053

 

II Simpósio Brasileiro de Nutrição Comportamental

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“… uma abordagem científica e inovadora com objetivo de ampliar a atuação do nutricionista e mudar alguns rumos da atual visão restrita e dicotômica do “saudável e não saudável”, dos alimentos “bons e ruins”, que permeia a prática clínica e a comunicação do nutricionista – por meio de técnicas, estratégias e modelos validados para mudança de comportamento e comunicação responsável” – Nutrição Comportamental

O grupo “Nutrição Comportamental” organizará o seu II Simpósio Brasileiro de Nutrição Comportamental, dias 07 e 08 de Outubro, em São Paulo. As orientações para as inscrições –  já abertas –  e a programação científica estão disponíveis no site http://www.nutricaocomportamental.com.br

Fatores que afetam a biodisponibilidade de nutrientes (Parte 3)

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Imagem adaptada de: http://www.medguidance.com/ http://biologicalexceptions.blogspot.com.br/

Cobalamina e polimorfismos genéticos

Por Juliana Silva, Caroline Bueno e Jéssica Alana
Alunas do 2. período de Nutrição [2016/1] – Faculdades Ponta Grossa

 

VITAMINA SOLÚVEL EM ÁGUA, a cobalamina (vitamina B12), é necessária para o processo de divisão celular, de modo que, em casos de deficiência, afeta sobremaneira tecidos com intensa capacidade regenerativa celular. De estrutura complexa, pode estar ligada a diferentes radicais químicos, dentre os quais destacam-se o metil (metil-cobalamina), principal forma no plasma, e o adenosil (adenosil-cobalamina), forma de armazenamento, encontrada no fígado. Do ponto de vista metabólico, ambas as formas participam como coenzimas, ou (1) na conversão intramitocondrial da metilmalonil-CoA para succinil-CoA – neste caso, a adenosil-cobalamina – ou (2) na conversão citosólica da homocisteína para metionina catalisada pela metionina sintase (metil-cobalamina).

A RDA varia de 1,8 – para crianças de 9 a 13 anos – a 2,4 mcg/dia – para adultos. A vitamina é encontrada, exclusivamente em alimentos provenientes dos animais, ou seja, na carne, peixe, produtos lácteos e ovos.

De modo geral, após sua liberação da matriz alimentar, se liga a haptocorrina, proteína encontrada ou nas secreções salivares ou gástricas. No estômago, particularmente, a ligação com a haptocorrina previne sua degradação em meio ácido. No duodeno, após liberação da haptocorrina por ação de enzimas pancreáticas, a cobalamina se liga ao fator intrínseco, forma a partir da qual é absorvida pela célula intestinal. Ligada à transcobalamina (holo-transcobalamina), é transportada no sangue para os tecidos periféricos. Via reciclagem entero-hepática, após secreção biliar, pode ser reabsorvida no íleo.

A deficiência da cobalamina pode ocorrer em situações de comprometimento da sua absorção intestinal, redução da produção do fator intrínseco e inadequação no seu consumo. Concentrações reduzidas de holo-transcobalamina, são consideradas como marcador precoce de deficiência tecidual da vitamina. Outros marcadores bioquímicos – como o ácido metil-malônico e alguns metabólitos das vias de remetilação e transulfuração da homocisteína – também podem ser usados para detecção da deficiência funcional da vitamina.

Alterações genéticas podem influenciar os processos de absorção, transporte e metabolização da vitamina e, desta forma, afetar a sua biodisponibilidade. Das alterações mais estudadas, está aquela que interfere na produção da transcobalamina – proteína de transporte sanguíneo da vitamina – , em função dos efeitos biológicos produzidos. Estas alterações no DNA, quando são prevalentes em mais de 1% da população, são chamadas de polimorfismos. Polimorfismos em determinados genes (como no caso do gene que codifica para a transcobalamina), portanto, podem estar associados com alterações na função de proteínas e, como consequência, com modificações na biodisponibilidade de nutrientes. Ou, em muitos casos, na susceptibilidade do indivíduo para o desenvolvimento de doenças.
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Para saber mais sobre polimorfismos genéticos e metabolismo da vitamina B12, acesse:

Paniz C et al. Fisiopatologia da deficiência da vitamina B12 e seu diagnóstico laboratorial. J Bras Patol Med Lab, v.41, p.323-34, 2005.

Guerra-Shinohara EM. Bases moleculares de alterações no metabolismo de ácido fólico, cobalamina e ferro. Tese de Livre Docência, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, 2012. 113p.

Kozyraki R & Cases O. Vitamin B12 absorption: mammalian physiology and acquired and inherited disorders. Biochimie, v.95, p.1002-1007, 2013.